Prólogo
Cuidado, forasteiro, com
o que você pode ler
Talvez essa história não
se aplica a você
Um lugar onde tudo existe
Você acreditando ou não
Por favor, menos
hipocrisia, e um pouco mais de diversão
Afie sua espada, ou pegue
seu arco e flecha
Nem tudo o que parece ser
é
Não precisa ser corajoso
Não me importo se você é
um bandido mentiroso
Ou um solitário bondoso
Apenas corra para ajudar
Ou feche o livro e o
deixe mofar
E lembre-se, você foi
avisado, se continuar pode ser fatiado.
Capítulo 1
O Herói da Pasta de Amendoim com Geleia
E lá estava eu novamente. Naquele mesmo banco,
no mesmo ônibus. Apenas mais um garoto pobre da zona rural. Olhei para baixo e
a única coisa que vi foram meus tênis velhos e esfarrapados, que tinha já fazia
três anos. Minha mochila igualmente velha estava sobre as minhas pernas. Ela já
estava desbotada demais e o preto já virara cinza.
O ônibus parou novamente e mais um aluno entrou.
Não importava o quão cheio o ônibus estivesse, ninguém sentava ao meu lado. Era
como se eu tivesse alguma doença contagiosa, e quem sabe, teria mesmo.
Olhei pela janela e vi quilômetros de longos
campos e plantações verdes vivas. Pude me imaginar andando por eles. O sol
batendo nas minhas costas e o vento açoitando meus cabelos loiros e mal cuidados.
Podia sentir o capim se agarrar e logo depois se soltar das minhas pernas. Eu
podia sentir o cheiro de flores e grama molhada, e podia ouvir a canção
melancólica da brisa. Como uma canção triste passada de geração em geração com
histórias vindas desde a criação dos primeiros ventos.
Enquanto me deleitava com essas imagens, pude
ouvir chamarem meu nome. Ah, como aqueles malditos garotos gostavam do meu nome.
Todos implicavam comigo desde que me conhecia por gente. Eles brincavam comigo
por causa das minhas roupas ou do meu sapato. Eu era o garoto pobre que vinha
de uma fazenda mais pobre ainda. E eles gostavam disso, e como gostavam.
O ônibus parou e percebi que todos se levantavam.
A escola havia chegado. Levantei-me e andei automaticamente como fazia sempre. Eu
sempre estudara na mesma escola desde a primeira série. O que era inconveniente
em um ponto já que não tinha muitas chances de mudar de vida, de ir para um
lugar onde ninguém me conhecesse.
E desde sempre a escola nunca mudara. Ela era
o mesmo prédio de três andares, azul claro e branco. O pátio era um grande
campo verde com algumas árvores e um pequeno parque para as crianças brincarem
durante o intervalo. Não havia grades ou muros.
Caminhei pela trilha de tijolos que levavam ao
prédio e consegui chegar à minha sala no terceiro andar a tempo do sinal bater.
Eu me sentava na quarta carteira e sempre
atrás de mim ou ao meu lado, se sentavam os garotos que adoravam brincar comigo
e pegar minhas coisas. Não, isso não eram apenas coisas e brincadeiras de
crianças, os garotos de dezesseis anos também adoravam pegar no pé daqueles que
eles achavam fracassados, e eu era um deles. Na verdade, podia se dizer que eu estava
no topo de suas listas.
A professora entrou na sala, acompanhada de
uma garota de cabelos negros e cacheados. Ela era alta e sua pele tinha um
aspecto um pouco pálido, como se ela não saísse ao sol durante meses. Suas
roupas eram diferentes comparadas com as dos outros. Ela usava uma calça jeans
negra com coturnos pretos, que iam até um pouco acima da sua canela. Sua blusa
era azul clara, cavada e ela usava uma preta com mangas compridas por baixo dessa.
Havia uma jaqueta jeans amarrada em sua cintura.
- Classe essa é Mary. Ela é nova aqui. – disse
a velha mulher, apontando para o lugar ao meu lado que estava vago.
Senti o garoto atrás de mim se agitar na
carteira como um peixe fora d' água. Senti pena da nova garota. Pelo jeito ela
seria alvo de brincadeiras, ou aqueles valentões correriam atrás dela como
cachorros loucos.
Ela andou até a carteira e se sentou colocando
sua mochila no chão, ao seu lado.
As aulas continuaram como sempre tão chatas, com
exceção da aula de música, mas mesmo assim eu tentava não mostrar muita
animação.
Na hora do intervalo, me sentei embaixo de uma
árvore perto do parquinho, já que aquele era o único lugar onde os garotos não
pegavam tanto no meu pé, e comecei a comer meus biscoitos. Há alguns metros
ouvia algumas vozes familiares e a voz de uma garota.
Levantei e peguei minha mochila, guardando os
poucos biscoitos que haviam sobrado. A uns cinquenta metros de mim estava um
grupo de aproximadamente cinco garotos, todos com cabelo castanho e todos eram
meus perseguidores, ou meus fãs, como às vezes eu os chamava, já que não
paravam de me perseguir. O maior, Spike, e chefe do grupo, estava praticamente
em cima da garota de cabelos negros, Mary.
Ela tentava escapar dele, mas a cada passo que
dava tentando fugir ele a empurrava mais para a parede. Aquela era uma ótima área
para se fazer uma abordagem direta, por assim dizer, já que ninguém se quer
circulava por ali quando não era o intervalo das crianças.
Suspirei, pois sabia que o que estava prestes
a fazer me renderia mais um bom tempo sendo alvo de todo tipo de brincadeiras. Se,
claro, eles estivessem de bom humor e não me batessem também.
- Ei, Spike, já se cansou de seus antigos amigos?
– perguntei me aproximando.
Ele se virou para mim. Olhos raivosos de um
cachorro louco, isso combinava com ele, afinal, Spike me lembrava nome de
cachorro.
- Não se intrometa, caipira! - ele rosnou e
seus quatro amigos avançaram pra mim. – Não. Deixem-no em paz! Tenho planos
para ele mais tarde.
- Deixe a garota em paz, ela não deve gostar
de pessoas com nome de cachorro.
Ele se afastou de Mary e essa rapidamente
correu até mim. Não sei porque ela tinha tomado essa péssima decisão, ainda
mais se seus planos fossem que eu a protegesse. Na verdade não conseguiria nem
me proteger, imagina proteger ela.
- Você se meteu com a pessoa errada!
- É eu sei, mas olhe, esse não é o sinal
tocando? - perguntei assim que ouvi o sinal.
- Você se livrou dessa, seu caipira estúpido,
mas não pense que isso vai ficar assim. - ele disse se virando e indo para seu
treino de futebol.
- Você está bem? - disse me virando para Mary.
- Sim, sim. Obrigada.
- De nada.
Virei-me e voltei para o prédio. Ainda tinha
mais algumas aulas antes de poder voltar para casa. Spike me ameaçou em todas
elas, até que sua criatividade se esgotasse, o que demorou certo tempo para
acontecer, mas eu agradeci por ter as últimas duas aulas de português. Pelo
menos a professora era brava e Spike tinha medo dela, então ele ficava calado
na maior parte do tempo.
O sinal bateu e fui para meu ônibus. No
caminho senti algo bater nas minhas costas e quando passei a mão na minha
camiseta, percebi que eles haviam jogado um sanduiche de manteiga de amendoim
com geleia em mim. Realmente dava para ver o quão imaturo eles eram.
Sentei no ônibus e a garota de cabelos negros
foi a última a entrar e acabou se sentando ao meu lado. O que foi uma grande
surpresa para mim, já que havia outros lugares vagos. Ela realmente era uma
novata desinformada.
- Oi. - Mary disse.
- Oi. - respondi olhando-a rapidamente.
- Obrigada novamente por me ajudar hoje. Acho
que nunca conseguiria me livrar deles sem usar a força.
- De nada.
Realmente não falava com pessoas desconhecidas
durante muito tempo. Isso era uma grande perda de tempo em minha opinião.
Preferia ficar sozinho com meus desenhos. Todos os dias depois de cumprir
minhas obrigações, eu me embrenhava no mato ou caminhava pelos longos campos a
procura de uma sombra com uma bela vista. E quando a achava, me sentava e
ficava desenhando o que vinha em minha mente. Na maior parte algumas criaturas
humanoides que imaginava quando era pequeno. Sempre quisera que alguma das
aventuras que eu lia acontecessem comigo, mas a maioria era vivida por garotos
e garotas de até quatorze anos no máximo, então quando completei quinze percebi
que nada mais daquilo realmente aconteceria.
- Você mora aonde?
- Em uma pequena propriedade a alguns quilômetros.
- Desculpe, mas qual é mesmo seu nome?
- Matthew, mas me chame apenas de Matt.
Eu realmente odiava o meu nome inteiro. Por
que minha mãe não havia me chamado apenas de Matt, que era fácil e nem um pouco
complicado? Mas não. Ela gostava de incrementar os nomes e acabara me chamando
de Matthew, o que em minha opinião era um nome que só fazia você perder tempo
tanto quando escrevia ou quando falava.
- Legal. Meu nome é Mary.
- Sim, eu sei.
- Você não tem muitos amigos, não é?
- O que você acha? - suspirei a olhando.
- Não, não. Sabe, eu realmente também nunca
tive muitos amigos... O que seus pais fazem?
- Meu pai trabalha em uma loja de ferramentas
e minha mãe em uma mercearia.
- Legal. O meu pai é músico. Ele escreve
jingles para TV e minha mãe trabalha como corretora de uma editora. - ela
comentou.
E a primeira coisa que veio na minha cabeça,
foi que eles eram ricos, e a segunda era o que diabos ela estava fazendo nesse
fim de mundo.
- Sabe, meus pais queriam ir para um lugar
mais sossegado do que a cidade grande, então meu pai escolheu esse lugar. Os
dois sempre trabalharam em casa, então não tivemos problemas em nos mudar.
- Hum. - disse encarando os campos verdes que
passavam por nós.
- Você não é de falar muito, não é?
- Não.
O ônibus finalmente parou e eu desci. Minha
casa ficava há alguns metros da pista. Era uma casa pequena de madeira, com
dois andares. A porta da frente tinha uma espécie de segunda porta marrom de tela.
As janelas estavam cobertas por cortinas beges colocadas no lado de dentro. Na
frente havia uma pequena estufa de vidro, com algumas plantas e vegetais plantados.
A grama era bem aparada, desde a porta da casa até a beira da estrada. Na
verdade, eu que tinha de apara-la.
Ao lado de casa havia uma pequena estrada de
terra que levava para dentro do bosque. E do outro lado dessa estrada, havia
uma grande propriedade circundada por grandes árvores que não deixavam ver
direito a casa em si. Ela já estava inabitada há anos, mas mesmo assim o dono
sempre vinha para fazer limpezas regulares e cuidar dela.
A casa em si era grande, com dois andares e
janelas largas e brancas. Assim como toda a casa, a varanda media no mínimo
quatro metros de comprimento e nela havia algumas cadeiras igualmente brancas,
com alguns vasos de flores coloridas (a única coisa que quebrava um pouco todo
aquele branco).
O gramado da frente era realmente muito grande,
ali caberiam duas casas iguais a minha. E a grama sempre estava bem cuidada e verde.
A única parte da propriedade que não estava cercada por árvores era uma pequena
entrada que ficava a alguns metros da pista, na estrada de terra.
Comecei a caminhar para casa quando ouvi o ônibus
parar de novo, e me virei pensando no que havia acontecido. Então as portas se
abriram e Mary desceu e veio correndo na minha direção.
- Bem, parece que somos vizinhos. – ela disse
apontando para a grande propriedade ao lado da minha.
Era só o que me faltava. Uma garota rica que
era minha vizinha. Eu quis naquele momento saber quem havia escrito o roteiro
da minha vida, e esganá-lo. Como uma pessoa podia ter tanto azar.
- Legal. Preciso ir. – despedi-me e voltei a
caminhar.
Ela não me seguiu, e antes de entrar em casa
pude vê-la entrando na grande propriedade. Entrei em casa e atravessei a sala
indo para as escadas e de lá para o meu quarto. Se é que se pode chamar algo de
seu quando você precisa dividir com mais duas garotas.
O quarto era grande, e a alguns passos da
porta, andando em linha reta, virando para a direita, havia uma pequena espécie
de abertura onde havia uma janela e minha cama, embaixo dela. Essa pequena espécie
de abertura que se assemelhava com um corredor, tinha mais o menos onze passos
de largura por dez de comprimento, depois a parede virava para a direita
novamente e em poucos passos o quarto acabava.
A única coisa que me restara fazer, para
conseguir um pouco de "privacidade" havia sido amarrar uma espécie de
corda de cada lado onde começava e terminada essa espécie de abertura e amarrar
um dos meus grandes cobertores ali. Pelo menos aquilo servia como uma espécie de
porta, e poderia fazer meus desenhos em paz em dias chuvosos.
Coloquei minha bolsa no chão, encostada na
parede cor de creme e desci para pegar algo para comer. Minha mãe estava na
cozinha fazendo biscoitos, enquanto meu irmão de dois anos, Eric, comia um
pedaço, do que deduzi, ser uma fruta. Zoey, que tinha dezoito, e era apenas
dois anos mais velha do que eu, estudava na mesa da cozinha, e sentada ao seu
lado estava Rose, com seis anos, fazendo sua tarefa. Ela estava animada por
aquele ter sido o seu primeiro dia de aula na escola e falava como um papagaio.
A cozinha era pequena, com uma mesa de oito lugares,
o que ocupava a maior parte do espaço, no canto esquerdo, próxima à parede. No
canto direito havia um balcão velho de madeira escura, no qual separava o fogão
e a pia. E perto da porta de saída dos fundos, na cozinha, tinha uma geladeira,
na qual eu me lembrava dela desde meus três anos.
Minha mãe sorriu para mim quando me viu entrar.
Ela era uma mulher com seus trinta e poucos anos, seus cabelos eram dourados
como ouro e seus olhos eram azuis como o mar, às vezes se tornando um pouco misteriosos.
Ela era alta e magra e seu sorriso trazia toda a beleza e juventude que tinha.
Suas mãos eram calejadas graças ao trabalho duro e apesar de quase sempre estar
sem dinheiro, ela nunca deixava de sorrir e dizer que as coisas iriam ficar melhores,
o que era muito otimismo jogado fora.
Zoey levantou os olhos para mim. Ela tinha os
cabelos castanhos escuros. Na verdade, todas minhas irmãs e irmão tinham cabelos
castanhos escuros, o que muitas vezes me fazia perguntar se eu não era adotado.
Os olhos negros de Zoey eram felinos, e seu corpo era esguio e bronzeado. Ela
sempre reclamava de tudo, desde como nunca termos dinheiro até sobre como o
tempo estava.
Rose olhou para mim rapidamente e depois voltou
seu olhar à sua tarefa. Ela tinha os cabelos presos em duas tranças. Seus olhos
eram chocolate e ela começara a perder seus dentes de leite há alguns meses
atrás, ou seja, no momento ela estava sem um dente da frente, o que ela gostava
bastante de exibir a todos. Ela não era muito alta, mesmo para sua idade, e
quando não falava o dia todo, gostava de brincar de provar a resistência de
suas bonecas, jogando-as pela janela ou as enterrando, o que deixava meu pai
furioso já que não tínhamos dinheiro para ficar comprando bonecas novas para
ela.
Meu pai trabalhava quase o dia todo, e quase
todos os dias da semana. Ele tinha os cabelos castanhos e os olhos verdes,
iguais os meus. Ele tinha um físico forte e atlético e gostava de reclamar de
como eu era péssimo em esportes e deveria fazer alguma coisa que garotos faziam,
e não ficar apenas desenhando porcarias, o que na opinião dele, era coisa para
meninas fazerem.
- Tem alguns biscoitos prontos em cima da mesa,
querido. - minha mãe disse e voltou a preparar a massa para fazer mais
biscoitos.
- Tudo bem. - respondi, e peguei alguns.
Então Clair entrou na cozinha segurando uma
blusa vermelha desbotada. Ela tinha os cabelos cortados bem curtos, e seus
olhos eram azuis e cruéis. Ela tinha dezessete anos, mas era mimada e cheia de
frescuras. Ela e Zoey viviam discutindo por tudo, desde roupas até sobre quem
assistiria TV primeiro. Ela era alta e realmente tão magra que eu podia ver
seus ossos quando ela estava de biquíni, mas vivia dizendo que estava gorda.
- Mãe, eu preciso de roupas novas, as minhas
já estão muito velhas! - ela disse batendo o pé no chão.
- Mas, querida, compramos roupas para você
semana passada, nós não temos dinheiro para comprar roupas novas para você toda
semana, Clair.
- Eu queria ter nascido em uma família rica! -
ela disse batendo o pé e subindo as escadas.
Minha mãe apenas balançou a cabeça negativamente.
Sai de casa e comecei a caminhar para as colinas verdes. Adorava caminhar por ali.
Apenas eu e o silêncio, sem discussões, sem precisar ouvir pessoas me
ridicularizando. Era como se pudesse entrar em outro mundo, onde não havia
ricos ou pobres, onde todos eram felizes e não havia dor ou tristeza. Em um
mundo onde a paz e o silêncio reinassem.
Eu gostava de andar por ali e pensar, e às
vezes falar comigo mesmo ou até cantarolar minhas canções favoritas. Enquanto
andava, uma leve brisa apareceu rapidamente fazendo a grama dançar sua canção.
Ela era fresca e trazia o aroma de várias flores misturadas, que se você
parasse para tentar distinguir, conseguiria resultados variados, desde os mais
doces e suaves, até os mais fortes e ácidos.
O dia já estava quase no fim, e o sol já
estava se pondo. Eu havia andando rapidamente e me afastado bastante de casa,
que agora nada mais era do que um pontinho marrom longe, ao horizonte.
Parei e comecei a admirar o pôr-do-sol. Os
raios começavam amarelos e depois foram ficando alaranjados, e por último,
vermelhos. Podia sentir o mormaço em minha pele, em contraste com a brisa que
me refrescava às vezes. A grama era macia e vezes ou outra se via formigas e
outros pequenos insetos caminhando apressados por ela. Fiquei ali até que o sol
se fosse, então me virei e voltei a caminhar para casa.
O clima já estava começando a mudar
rapidamente, o mormaço dava lugar aos ventos frios, a leve brisa dava lugar às
ventanias, na quais os ventos uivavam como lobos, e faziam as árvores se
chacoalharem como se estivessem a ponto de cair. A noite era perigosa e
fascinante ao mesmo tempo. Ela trazia a escuridão, mas às vezes te enchia de
esperanças com o luar prateado.
Ninguém tem medo do escuro, assim como ninguém
tem medo de uma arma em si. As pessoas tinham medo do que se escondia nele,
assim como tinham medo do estrago que uma arma nas mãos de pessoas erradas
poderia fazer. A noite era a morada dos monstros, do medo e da morte, mas todos
pareciam se esquecer disso ao saírem por ai para olhar o brilho das estrelas.
Continuei a caminhar mais e mais rapidamente,
até que minha caminhada virou uma corrida, mas não porque eu estivesse com medo,
mas sim porque gostava de sentir a sensação do vento batendo no meu rosto, dos
meus pés entrando em contato com a grama. De como o meu corpo ficava aquecido,
e de como eu podia ouvir meus batimentos cardíacos se acelerarem. Era como se
cada célula do meu corpo explodisse cheia de adrenalina.
Cheguei a casa em pouco tempo e logo fui tomar
um bom banho. O banheiro realmente não era muito grande, na verdade não caberiam
três pessoas ao mesmo tempo, e na maior parte do tempo eu sempre tinha de tomar
banhos frios, já que era sempre o último a tomar banho e a água quente já havia
acabado, mas é claro que nos dias mais frios eu sempre era o primeiro a tomar banho.
Às vezes podia ser lento, mas não burro.
Tomei meu banho e fui para meu quarto dormir.
Estava cansado, e dormir era sempre uma boa opção quando não se tinha nada para
fazer. Fechei a janela do quarto e me deitei. Quando mal fechei os olhos, já
havia adormecido.
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